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6 princípios que fazem da educação na Finlândia um sucesso

6 princípios que fazem da educação na Finlândia um sucesso
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abr. 3 - 6 min de leitura
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Do currículo à avaliação, professora detalha a cultura educacional finlandesa

Eu trabalhei como professora de educação infantil e de ensino fundamental aqui na Finlândia por mais de uma década, e passei cinco anos como vice-diretora também. Nosso sistema educacional é amplamente considerado um dos melhores, se não o melhor do mundo. Alguns podem presumir que isso se deve ao fato de pagarmos mais aos nossos professores, mas, de acordo com números recentes, a Finlândia não está nem entre os 10 países que pagam salário mais alto para seus professores.

Então, o que torna as escolas finlandesas consistentemente excelentes? Uma reforma curricular adotada pela Agência Nacional Finlandesa para a Educação em 2016 estabeleceu objetivos-chave que penso serem reflexos claros da abordagem finlandesa à educação: aumentar a participação dos alunos, aumentar a significância da aprendizagem e permitir que todos os alunos se sintam bem-sucedidos em seu aprendizado acadêmico e socioemocional. Os alunos estabelecem metas, resolvem problemas e avaliam seu aprendizado com base em metas estabelecidas. Os princípios que orientam o desenvolvimento do sistema educacional da Finlândia enfatizam a escola como uma comunidade de aprendizagem. Esses princípios incluem o seguinte:

Habilidades transversais

O novo currículo enfatiza as competências transversais na instrução. O que são habilidades transversais? São coisas como aprender a aprender, competência cultural, interação e autoexpressão. Eles se concentram em cuidar de si mesmo e gerenciar a vida cotidiana, mas também abrangem a competência com tecnologia e a vida profissional. Há também uma ênfase na construção de habilidades ativas que os alunos vão precisar para o resto de suas vidas, como empreendedorismo, participação, envolvimento e criação de um futuro sustentável.

Uma sociedade em mudança exige habilidades e competências cada vez mais transversais, por isso professores de cada disciplina devem promovê-las. Quando eu era professora, fiz isso atribuindo tarefas bem abertas aos alunos, com a ideia de que provavelmente haveria mais de uma resposta correta.

Apoio governamental

Para promover seu currículo nas escolas, a Agência Nacional de Educação da Finlândia está sempre buscando novas ferramentas que apoiem o ensino da melhor maneira possível. A agência identificou a realidade aumentada como uma poderosa tecnologia emergente e ajudou a desenvolver um programa de impressão em Realidade Aumentada e 3D (onde eu trabalho) especificamente criado para apoiar o novo currículo e desenvolver uma cultura escolar positiva.

Outro sucesso é a Universidade de Turku e sua empresa, a Universidade da Finlândia, que vendeu seu programa educacional anti-bullying baseado em pesquisa KiVa para 17 países ao redor do mundo. O fato de o governo ter participado desses projetos desde o início significa que a tecnologia foi projetada para apoiar a missão educacional nacional, por isso os professores não precisam olhar para uma ferramenta de tecnologia que receberam e se perguntar: “Como eu vou usar isso?

Aprendizagem multidisciplinar

A cada ano letivo, todas as escolas devem ter pelo menos um tema, projeto ou curso claramente definido que combine o conteúdo de diferentes disciplinas e lide com o tema selecionado na perspectiva de vários assuntos. Estes são chamados módulos de aprendizagem multidisciplinar. As escolas planejam e implementam os módulos de aprendizagem multidisciplinares, e os temas e a duração podem variar de acordo com as necessidades e interesses locais. Os alunos participam no planeamento dos módulos e os professores asseguram que, ao longo deste processo, os alunos de vários níveis trabalham em conjunto.

Diferenciação

Todos os estudantes têm suas individualidades, por isso não podemos ensiná-los todos da mesma maneira. Os professores precisam diferenciar suas aulas, o que implica que geralmente há pelo menos cinco níveis diferentes de tarefas na mesma classe ao mesmo tempo.

Isso também significa que cada aluno tem seus próprios objetivos específicos que são acordados todos os anos junto com o professor, aluno e pais. Fazemos questão de ter alunos de diferentes históricos de vida trabalhando juntos. Como professora, acredito que sempre há algo que você pode aprender com alguém diferente de você.

Diversidade na avaliação dos alunos

Enquanto os professores americanos têm que lidar com testes punitivos de alto risco, o novo currículo finlandês enfatiza a diversidade nos métodos de avaliação, bem como a avaliação que orienta e promove o aprendizado. Informações sobre o progresso acadêmico de cada aluno devem ser dadas ao aluno e aos responsáveis com frequência. O retorno avaliativo também é fornecido de outras maneiras que não relatórios ou certificados. A autoavaliação e a avaliação entre pares desempenham um papel importante na avaliação e na habilidade de aprender a aprender.

Nas escolas elementares, não temos modelos para avaliação. Temos discussões de avaliação com pais e alunos pelo menos uma vez por ano, mas muitos têm o hábito de tê-los duas vezes. Estabelecemos metas e discutimos o processo de aprendizagem, e a avaliação é sempre baseada nos pontos fortes dos alunos.

Um papel ativo para estudantes

A ideia simples aqui é que os professores devem falar menos e deixar o aluno fazer mais. Os professores facilitam o ensino, enquanto os alunos estabelecem metas, refletem e resolvem problemas da vida real. Também estimulamos a curiosidade dos alunos estudando em ambientes fora da sala de aula, como o pátio da escola, a floresta, uma biblioteca ou até mesmo um shopping center.

Todos esses princípios são fundamentais para a educação finlandesa, mas o mais importante é que nosso sistema nacional é dedicado a ajudar todos os estudantes a crescer como seres humanos.

Maria Muuri é ex-professora, diretora e autora. Atualmente trabalha como líder educacional da 3DBear

*** Artigo publicado originalmente no EdSurge e traduzido mediante autorização

Por Maria Muuri  6 de setembro de 2018

Fonte: http://porvir.org/

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