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EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL – O DESAFIO DA SUSTENTABILIDADE

EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL –  O DESAFIO DA SUSTENTABILIDADE
Norton Moreira
fev. 26 - 6 min de leitura
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A forma de educar mudou muito pouco desde que o ser-humano se deu conta que precisava desenvolver competências em larga escala. Mesmo que muitos métodos e técnicas tenham sido criados para dar maior efetividade ao processo, por diversos motivos, não foram empregados. Ao que parece, a pandemia quebrou paradigmas na educação, reforçando a importância de inovar. Como consequência, uma nova forma de educar pode estar sendo construída, todavia impacta fortemente na sustentabilidade das instituições em um cenário de alta competição.

O mercado em transformação

Em dez anos, a demanda de mercado por profissionais com ensino superior criou um aumento de 43% na quantidade de ingressantes, fazendo com que o número de matriculados crescesse 30%. Para fazer frente ao aumento da competição, as IES vem ampliando sua oferta de cursos atraindo mais estudantes com consequente aumento de custos.

                                              Matrículas na educação superior (em milhões)

Ao analisar as modalidades Presencial e EaD em separado, nota-se que nos últimos anos, as matrículas vem crescendo exclusivamente em função do aumento de ingressantes na modalidade EaD que em 2019 superou o presencial. A mesma tendência ocorre com relação a oferta de cursos EaD que cresce fortemente desde 2015.

                                      Matrículas e ingressantes por modalidade

A oferta cada vez mais concentrada

As 2.608 IES no Brasil podem ser distribuídas entre Públicas,
Grandes Privadas (GIES) e Pequenas e Médias Privadas (PMIES)

  • Públicas – federais, estaduais, municipais e Sistema S
  • PMIES – IES com até 15.000 alunos que não fazem parte de grupos educacionais
  • GIES – IES com mais de 15.000 alunos, incluindo os Grupos Educacionais com o total de suas IES

                                                 Quantidade de IES no Brasil

 

No entanto, apesar de numericamente menor, as 50 GIES agregam o dobro das matrículas que as 1.740 PMIES. 

Em média, as PMIES tem cerca de 1.000 estudantes matriculados enquanto as GIES tem cerca de 100.000. As GIES tem como característica atuar com grande capilaridade, oferecendo o mesmo curso com ganhos em escala, reduzindo custos e atingindo resultados muito superiores às PMIES.

                                  Participação no mercado de educação superior

Considerando a tendência de aumento da EaD,  fica claro o despreparo das PMIES para atender a demanda pois matrículas e novos ingressantes estão concentrados nas GIES. Ou seja, se nenhuma mudança ocorrer, a tendência é que a as GIES sigam ganhando espaço e aumentando a participação no mercado.

                                           Comparação entre PMIES e GIES

Uma competição desigual

Uma vez que as PMIES não tem competência instalada para oferecer cursos na modalidade EaD, terão que realizar investimentos significativos para se reposicionar. No entanto, os indicadores financeiros apontam para a incapacidade da realização desta mudança no curto prazo.

Em 83% das PMIES tem EBITDA – geração de caixa – inferior a 20% da receita líquida, sendo que para a maior parte delas, o custo com docentes é superior a 40% da receita. Pelo menos 800 PMIES (46%) tem endividamento superior a sua geração de caixa, sendo que 557 (32%) delas estão praticamente insolúveis.

                                                       Geração de caixa nas IES

Apesar das GIES terem ticket médio inferior ao das PMIES, em geral, apresentam resultados bastante superiores as PMIES. Este fato que pode ser explicado a partir de alguns indicadores.

                            Relação entre quantidade de estudantes e professores

                                              Capilaridade das GIES e PMIES

Como era de se esperar, o ganho de escala por curso é muito maior nas GIES. Os cinco maiores cursos somam 2,6 milhões de estudantes e 2/3 deles estudam nas GIES.

Em todos os indicadores de performance, as GIES são fortemente superiores as PMIES.  Sendo que a quantidade de matrículas por polo chega a ser mais de 30 vezes superior na modalidade EaD.

Conclusão

O mercado de educação superior foi fortemente impactado pela pandemia e migra rapidamente para uma solução digital.  As GIES estão em vantagem sobre as PMIES pois já passaram pela curva de aprendizado de uma migração digital acelerada. Em função disso, seus indicadores de resultados, principalmente os financeiros lhes proporcionam maior competitidade e capacidade de investir em inovação, seja: tecnólogica, otimização de processos, produtos ou gestão institucional.

Existem 1.740 PMIES que necessitam urgentemente de uma solução viável para reforçar sua marca local, oferecendo cursos com diferencial competitivo capazes de fazer frente a um cliente mais exigente, que busca empregabilidade na sua região. Sua reinvenção perpassa por soluções de transformação digital na captação, na oferta dos produtos e nos serviços acadêmicos de maneira que possam se tornar mais competitivas e angariar market share regional.

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