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Inteligência se aprende!

Inteligência se aprende!
JULIANA SANTOS
jan. 28 - 9 min de leitura
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Certa vez ouvi alguém dizer que inteligência se aprende. Achei estranho, mas ao longo da minha trajetória acadêmica e profissional isso me persegue e busco entendimento. Ao longo dos anos, estudando aqui e pesquisando ali, me certifiquei de que são muitas – aliás nove - as inteligências, por isso é tão importante saber qual é o modo de aprender de cada um. 

Quando saí da faculdade achava que sabia muito de Língua Portuguesa, Linguística e Literatura, mas a sala de aula me fez ver que esses conteúdos não bastavam. É imprescindível ter um bom arcabouço teórico sobre o pedagógico para que, de fato, haja aprendizagem nos espaços escolares e fora deles. 

Pois bem! Foi no livro “A grande jornada” (1996), de Celso Antunes, que eu li sobre os nove tipos de inteligência de uma forma muito didática. Em 1996, eu nem pensava em fazer graduação para Letras quanto mais saber da existência dessa obra, mas ela é valiosa. Fico pensando: como ousei sair da graduação com tantas certezas sobre o sucesso das minhas turmas? A sorte dos meus alunos é que me tornei uma estudante permanente e tudo me inquieta muito. 

Mas vamos ao que interessa: as inteligências e a discussão sobre a pergunta: como aprender a aprender?

Muitos de nós já vimos o cone da Dale ou a pirâmide de Glasser e entendemos que a experiência e a vivência fazem com que os estudantes alcancem resultados significativos e sólidos. Mas, como montar nosso planejamento traçando objetivos e prevendo atividades que oportunizem aos alunos o protagonismo tal que garanta uma aprendizagem que corresponda aos altos níveis da Taxionomia de Bloom ou a consolidação da base da pirâmide de Glasser? 

Esse é o questionamento-chave para nossa discussão. A aprendizagem é favorecida pela mediação do professor que trabalha intencionalmente e que conduz os alunos ao desenvolvimento de habilidades que permitam que eles aprendam a aprender. 

Retomei a concepção da pirâmide, tomando a liberdade de inserir o patamar em que os alunos se encontrariam de acordo com as estratégias do professor, ou seja, se haveria uma aprendizagem passiva ou ativa. 


Veja que, se a aula que preparamos é sempre expositiva, o grau de apreensão e aprendizagem é de no máximo 50%. Talvez seja por isso que estamos em um ciclo de: 

  1. assistir à aula, 

  2. copiar o que está no quadro, 

  3. fazer o resumo do livro, 

  4. fazer lista de exercício e prova, 

  5. receber o resultado,

  6. esquecer os assuntos, 

  7. entrar no próximo conteúdo. 

Quando o planejamento é estruturado dessa forma – e muitos ainda são – retemos pouco. Os anos passam e sequer sabemos a funcionalidade disso ou daquilo. 

Muitos de nós ouvimos as seguintes frases: 

  1. isso não faz sentido algum, 

  2. para que eu preciso disso?, 

  3. qual a relação disso com a minha área?. 

Muitos de nós talvez não se deram conta de que as respostas prontas já não valem mais, por isso os alunos desligam-se das exposições e se conectam com o mundo virtual (as redes sociais, por exemplo) durante as aulas e depois, em casa, voltam para o mundo virtual e assistem a videoaulas. Assim, podem pausar e voltar às mesmas aulas expositivas que estavam tendo no presencial. Ou seja, a pausa que ele deu no professor que assina a pauta, é seguida de um start com outro professor que ele elegeu em casa para concluir o assunto.

Contudo, se o aluno se envolve na aula, se a proposta pedagógica visa ao engajamento da turma, empregando métodos para isso, a aprendizagem é mais efetiva. 

Você deve estar se perguntando: mas isso todo mundo fala. E daí?

Daí que precisamos ensinar como se aprende português, como se aprende matemática, história, ciências. Se houver o desenvolvimento dessas habilidades, com certeza o aluno conseguirá aprender Cálculo I, Redação publicitária, enfim, qualquer disciplina que precisar cursar. O aprender é para qualquer contexto  e para sempre. 

Além disso, precisamos ensinar os alunos a fazerem pesquisas, a construírem mapas conceituais, esquemas. Esses são conteúdos tão primordiais (ou mais) quanto os específicos que nos garantem tanto a sala de aula. 

Certamente, o primeiro exercício que nós, professores, devemos fazer é refletir sobre o nosso próprio fazer pedagógico. Refletir sobre como mediar a aprendizagem é a grande chave da educação deste século. A internet está repleta de vídeos, esquemas, tutoriais, dicas de experiências científicas e isso favorece as múltiplas inteligências. 

Voltando a Antunes (1996), o escritor assegura que 

“é inteligente quem aprende a aprender, e para aprender a aprender com maior facilidade duas ideias são essenciais: (...) são inteligentes os que desenvolvem a capacidade de entrar na compreensão das coisas, escolhendo o melhor caminho. (...) esse ingresso não é feito pelo mesmo caminho por todos os indivíduos. Alguns têm um fator intelectual mais desenvolvido que os outros”. (ANTUNES, 1996, p. 65) 

Há uma riqueza sem tamanho nessa citação. Surgem alguns questionamentos:

  • Como é que desenvolvemos a capacidade de compreender as coisas? 

  • Já parei, como profissional da educação, para observar isso nos meus alunos?

  • Eu, por acaso, percebi e valorizei o caminho que meus alunos escolhem para chegar à compreensão? 

São essas reflexões que nos impulsionam para olhar a sala de aula. Olhar o processo de desenvolvimento de habilidades cujo conteúdo conceitual é apenas um pano de fundo para a promoção intelectual do indivíduo. 

A outra parte da citação nos leva a pensar: 

  • Se já sabemos que os alunos estão sempre em níveis diferentes, por que eu ofereço o mesmo objeto de aprendizagem a todos? 

  • Quais os objetos de aprendizagem preciso selecionar que vão favorecer a todos? 

  • Quais métodos vou usar sabendo que a aprendizagem é diferente para cada um? 

Precisamos rever o planejamento, as estratégias de ensino e os métodos que empregamos em sala. 

Você vai dizer: “mas eu não tenho tempo”. E eu digo: já pensou em avaliar o que verdadeiramente é essencial, estruturante dentre os conteúdos conceituais para a aprendizagem do seu aluno? Aquilo tudo que você separa todos os semestres ou anos, de fato, corresponde ao que é necessário? Fica aqui a necessidade de reflexão e o início de um processo de curadoria que vai nos levar a outros lugares.

Como sei que muitos de nós são visuais, vou sintetizar as inteligências elencadas por Antunes (1996) nas duas primeiras colunas. A terceira foi construída a partir da aplicação desses conceitos em minhas aulas ao longo dos últimos quinze anos.

É evidente que somos seres com inteligências múltiplas. Umas se manifestam mais, outras menos e estas devem ser treinadas, sobretudo em um mundo pautado nas competências. Nós precisamos potencializar a junção de inteligências para formar pessoas mais conscientes de como aprender, pois a aprendizagem é contínua ao longo da vida. Reconhecer e solidificar as habilidades é a chave para o aprender a aprender. 

Se seus pais, professores e mentores oportunizarem o reconhecimento de algumas inteligências e as potencializarem, ao passo que se reconhecerem outras em menor destaque e as desenvolverem; o indivíduo se tornará mais hábil e conseguirá mais facilmente se localizar por meio de um mapa em qualquer lugar do mundo, pois aprendeu processos, observar detalhes, ler direção e sentido, organizando o pensamento. Quando for aprender uma nova língua, já saberá que deverá ler, ouvir, fichar, conversar com colegas para melhorar a pronúncia, enfim estará mais preparado para a formação de suas competências. 

“Já estou caminhando para o final”. Já ouviram essa frase? Com certeza sim. 

Viram como a inteligência se aprende? Porém, para que isso se efetive, é necessário um trabalho intencional, planejado com estratégias também múltiplas para que haja aprendizagem ativa e efetiva. 

Quem está se propondo a trabalhar com qualquer tipo de educação, precisa entender que a seleção de objetos educacionais diferentes é fundamental, ou melhor, essencial para a  aprendizagem. Além disso, o aluno precisa ser protagonista, precisa ter tempo para discutir, para falar com o outro sobre o assunto, preciso sintetizar em formas de vídeos, dramatizações, roteirizações. Somos muito criativos e vamos propor formas de tornar a aprendizagem ativa. Nada de repetir em toda aula a tela ou quadro  cheio de “um monte de coisa escrita”. Vamos variar... 

Levantei aqui pontos de reflexão que ficam para entendermos melhor ao longo de trilhas, em nossas conversas e em outras trilhas traçadas pelos colegas.  

 

Texto base: ANTUNES, Celso. A grande jogada: manual construtivista de como estudar. 11. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996.






 

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