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Autoestima e autocobrança, nem excludentes e nem opostas

Autoestima e autocobrança, nem excludentes e nem opostas
Julio Sampaio
nov. 26 - 4 min de leitura
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Márcia é diretora corporativa de uma empresa de serviços e comenta indignada: “a gente valoriza muito as pessoas e compreende que todos podem ter um dia em que não estão tão bem, mas há um limite para isso. Uma colaboradora disse para o seu gerente que, só pelas suas feições, as pessoas deveriam saber se era um bom momento para falar com ela, ou deixá-la quieta. Ninguém, em qualquer cargo, pode ser tão complacente consigo mesmo”.

No passado era comum os colaboradores se preocuparem com o estado emocional do chefe e agiam de acordo com o humor dele. Conforme o seu estado, poderia ser o momento de levar um pedido ou um problema, ou ao contrário, ficar longe. Na liderança moderna, isto não cabe mais. Naturalmente, nem para um lado e nem para o outro. Como diz a Márcia, ninguém pode ser tão complacente consigo mesmo. Mas algumas pessoas são. Elas misturam autoindulgência com autoestima.

Maria Clara se permite chegar tarde em seus compromissos, sem qualquer tipo de constrangimento. Carlos Alberto tem humor variável e isto é para ele motivo suficiente para tratar bem ou mal alguma pessoa. Tereza vem atrasando com frequência os relatórios, porque está com problemas com o filho ou com o ex-marido, ou com os dois. Para ela, isto é obviamente justificável. Os três tendem a ser bem indulgentes consigo mesmos.

Outros, no extremo oposto, cobram-se em excesso e estão sempre com a sensação de estar devendo. Se alguma coisa não ocorre conforme o desejado, puxam para si a culpa. Têm dificuldades de dar o devido valor às suas conquistas e se constrangem quando são elogiados, minimizando os próprios méritos.

É o caso de Leide, uma empreendedora que, vindo de uma família muito simples e sem recursos, conseguiu construir uma pequena rede de serviços de estética. Ainda assim, ela se vê como menos capaz do que outras pessoas. Precisa sempre compensar isto com um tipo de esforço sobrenatural. No final, pessoas assim costumam ser mais bem-sucedidas em seus projetos, mas têm dificuldade de usufruir a felicidade. Entre meus clientes de mentoria e de coaching, estas pessoas são a maioria. Estão sempre buscando ser melhores do que são, o que em si já é um grande mérito, mas o excesso de autocobrança é um alto preço.

No meio do caminho, entre uns e outros, há um grupo muito menor, o das pessoas que conseguem equilibrar uma cobrança saudável consigo mesmas e, ao mesmo tempo, reconhecer os seus méritos. Estas pessoas não têm dificuldades de se dar os parabéns, sem se acharem o máximo ou com excesso de direitos. Preservar a autoestima e equilibrar autoaceitação e autocobrança não é tão fácil, e qualquer desequilíbrio, para um lado ou para o outro, é prejudicial.

De um lado, somos incentivados a pensar: podemos fazer mais, podemos ser melhores. Do outro, lembrar: que bom que somos o que somos. Que bom que fazemos o que fazemos. Que tal nos dar os parabéns por algo no final do dia, junto com o agradecimento diário?

Confúcio trouxe a teoria do caminho do meio. Vale para as grandes coisas e para as triviais como para o tempero da comida, para o clima, e várias outras situações. E para a relação entre nós e nós mesmos? Como seria o bom tempero entre a autoestima e a autocobrança? Elas não são excludentes e nem mesmo opostas, mas a presença em excesso de uma frequentemente diminuiu a outra. Como você se vê neste aspecto, mais para cá ou para lá? Vale pensar sobre isto?

 

Julio Sampaio (PCC, ICF)

Idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute

Diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching

Autor do Livro: Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital), dentre outros

Texto publicado no Portal Amazôna e no https://mcinstitute.com.br/blog/

 


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