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Modificabilidade Cognitiva e sua relação com a Neurociência Pedagógica

Modificabilidade Cognitiva e sua relação com a Neurociência Pedagógica
Eliane dos Santos Fernando de Oliveira
fev. 14 - 6 min de leitura
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"Todas as pessoas são modificáveis!" Partindo da frase dita por Reuven Feurstein, o artigo tem o intuito de fazer uma pequena relação entre a Modificabilidade Cognitiva e a Neurociência Pedagógica, trazendo elucidações do termo modificabilidade, como surgiu e o impacto que causa na vida escolar no que tange à aprendizagem eficaz e significativa.

Há tempos que o conceito de  "inteligência" vem sendo questionado por especialistas no assunto, dando lugar à Modificabilidade Cognitiva. O termo inteligência traz a ideia de dependência da capacidade, do limite, não pode ser desenvolvida. Já a modificabilidade cognitiva, não! Pelo contrário, traz todo um significado de movimento, desenvolvimento, não é limitada.

O artigo em questão tem o objetivo de conceituar o termo Modificabilidade Cognitiva sob a ótica do autor, professor e psicólogo Reuven Feurstein, fazendo a relação com a Neurociência Pedagógica.

Partindo do axioma de que todas as pessoas são modificáveis, Feurstein fundamentou todos os seus estudos e pesquisas nas áreas da aprendizagem. Mas, para entendermos como tudo isso começou, temos que conhecer um pouco da trajetória do autor. Nasceu no dia 21 de Agosto de 1921, em Botosan, Romênia. De família judia, sua experiência começou após escapar de um campo de concentração. Migrou para Israel, onde se dedicou à educação de adolescentes sobreviventes do Holocausto, órfãos de diversas culturas, oriundos de numerosos países europeus e africanos. Pessoas com carências cognitivas bem acentuadas devido aos traumas sofridos. sendo muitos desses traumas semelhantes à deficiência mental.

Foi a partir dos estudos com esses adolescentes que Feurstein e seus colaboradores desenvolveram um sistema de avaliação do potencial da aprendizagem, conhecido como LPDA e um programa de intervenção cognitiva, o PEI, que se expandiu pelo mundo como método de Feurstein. Apoiado na Modificabilidade Cognitiva, o autor contraria a concepção  inatista de inteligência, uma vez que as faculdades intelectuais podem e devem ser expandidas não só na idade adulta, mas também durante toda a vida do indivíduo.

No processo de modificabilidade cognitiva, há de se levar em conta a mediação e o papel imprescindível do mediador no desenvolvimento cognitivo do mediado. Uma vez que esta mediação é intencional, o objetivo final dela é a modificabilidade cognitiva. Neste contexto, a mediação da aprendizagem é uma forma especializada de interação entre um sujeito que aprende e um que ensina. O mediador, que age entre  o mediado e o objeto a ser aprendido, promove uma modificação, regulação, adaptação ou adequação dos estímulos, do conceito a ser aprendido, o que resulta na aprendizagem. Não devemos deixar de enfatizar que é papel do mediador a ação de alterar os estímulos e de propiciar a modificação na forma como serão recebidos. 

O professor, psicólogo e mestre em Educação na  área de Cognição e Aprendizagem Marcos Meier,  diz que mediar significa possibilitar e potencializar a construção do conhecimento pelo mediado. Significa também estar consciente de que não se transmite conhecimento. É estar  intencionalmente entre o objeto de conhecimento e o "aluno", de forma a modificar, alterar, organizar, enfatizar, transformar os estímulos provenientes desse objeto a fim de que o mediado construa sua própria aprendizagem, ou seja, que aprenda por si só.

Por último, mas não menos importante, fica a pergunta: qual a relação da Neurociência Pedagógica com a Modificabilidade Cognitiva?  A Teoria da Modificabilidade Cognitiva tem sido adotada em vários países. Apontada como uma das alternativas no trabalho de integração e educação de crianças com necessidades especiais, ao mesmo tempo em que se tenta preparar o professor mediador para que este seja um profissional atento, observador e comprometido com a educação de seus "alunos".

Como autor da teoria da Modificabilidade Cognitiva, Feurstein parte da premissa de que a aprendizagem tem um ponto de partida: o conhecimento da criança/do adolescente. Daí que entra a contribuição da Neurociência Pedagógica, pois esta se propõe a estudar o cérebro e como ele aprende. O professor mediador deve ter conhecimento, tanto fisiológico quanto anatômico, deste cérebro que chega à escola, mais precisamente à sala de aula. Quando menciono sobre ter conhecimento, não me refiro a simplesmente saber nomenclaturas, mas sim entender as nuances, ou seja, tudo o que envolve o cérebro desse "aluno". Em outras palavras, o que faz com que ele aprenda ou não. Os estudos neurocientíficos vão  mostrar caminhos que possam levantar as dificuldades de aprendizado, bem como qual seria a melhor estratégia de ensino viável pra alcançar o "aluno", fazendo com que ele aprenda de fato.

Sabemos que um assunto dessa magnitude não se esgota por aqui, pois há muitas pesquisas sendo feitas na área da aprendizagem. Que bom por isso!  Segundo Marcos Meier, a Neurociência aplicada às práticas pedagógicas, apropria-se da ideia de mediação eletroquímica que não "transmite" a informação, mas é ela que, pela construção do potencial elétrico na célula receptora, permite a elaboração da informação nesta célula.  Do processo em questão, ou melhor, da compreensão dele, tem-se o "fator de construção" do conceito de mediação.

Durante todo o texto, usei o termo aluno entre aspas propositalmente.  O objetivo foi ressaltar que a nomenclatura não é apropriada para conceituar alguém que está no processo de aprendizagem. Entretanto, esse é um tema para ser tratado em outro momento... Até lá!

Referências

http://www.cdcp.com.br/reuven_feurstein.php

MEIER, Marcos. GARCIA, Sandra. Mediação da Aprendizagem. Contribuições de Feurstein e Vygotsky. 7ª ed. Curitiba,2011 

MEIER, Marcos. Neuropsicologia, Moisés e Feurstein: Uma abordagem multidisciplinar da mediação da aprendizagem. São Paulo: CEMEP- Centro Marista de Estudos e Pesquisas da Associação Brasileira de Educação e Cultura,in Revista Educação Marista. Ano 2 nº4,2002

  

 

 


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