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Você já foi gago?

Você já foi gago?
Julio Sampaio
mar. 30 - 4 min de leitura
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Eu já fui. Tinha por volta de sete ou oito anos, época em que os coleguinhas costumam ser tão cruéis quanto conseguem ser. Não se falava na época em bullying e cada criança que se virasse por conta própria. O “baleia”, o “magricela”, “o filhote de anão”, a “Olivia Palito”, a “tanajura”, o “Saci”, o “branco azedo”, o “piolho” ... cada um tinha a sua cruz para carregar. No caso dos garotos, não dava nem para chorar, pois isto não era coisa de homem. Virava “mulherzinha”. No meu caso, era “gaguinho”. Quando tinha que falar durante a aula, os risos começavam antes de eu abrir a boca, e mesmo os professores se juntavam na brincadeira, que para mim, era uma espécie de linchamento público. Meu sofrimento começava bem antes, só em pensar que este momento chegaria. Conversando nestes dias com meu irmão, que é gêmeo, e pertencia as mesmas turmas, no colégio e na rua, ele nem lembra. Não marcou para ele, por que será? Justiça seja feita, também não lembrava do apelido dele, que por questões éticas e familiares, não vou revelar.

Paul Dolan, autor do livro Felicidade Construída também era gago. Assim como eu, ele passou por bons bocados na infância, que para Dolan, estendeu-se até a juventude. Assim como eu, desenvolveu atividades que envolvem dar aulas, fazer palestras e falar em público de diversas maneiras, no caso dele, em âmbito internacional e com grande repercussão.

O que me fez superar a gagueira foi o tempo e as situações a que fui exposto. Elas me fizeram gradualmente dar menos importância à opinião das outras pessoas e fazer o que tinha que fazer. Não era dar menos importância aos outros em qualquer situação, apenas naquelas em que me sentia diminuído. Tipo quando o seu time perde e você se diz que isto não muda em nada a sua vida, que não é importante. Inconscientemente, decidi ser feliz, apesar da gagueira. A outra opção seria chorar, o que na época, significaria me tornar “mulherzinha”, lembra?

O mesmo aconteceu com Dolan, que diz que quando prestou menos atenção na sua gagueira, ela começou a incomodar menos. Este era o foco de sua terapia. Hoje, como estudioso do tema Felicidade, ele usa esta experiência para ilustrar a importância da atenção alocada na construção de nossa felicidade. Não conseguimos dar atenção a tudo ao mesmo tempo e a maneira como utilizamos este limitado recurso faz toda a diferença.

No que alocaremos a nossa atenção? No que somos e no que temos ou no que não somos e no que não temos? Nos fatos terríveis à nossa volta atualmente, que por si só, são suficientes para nos desesperar ou na esperança de que sairemos melhor desta e que, temos a nossa contribuição a fazer para que isto aconteça?

Dolan defende que quando se tem poucos recursos é preciso decidir sabiamente no que prestar atenção. Ou seja, mudar o comportamento e ser mais feliz é tanto uma questão de tirar o foco do negativo quanto focar no positivo. Está no âmbito de nossas escolhas.  

É neste sentido que prestar mais atenção no que temos a agradecer é ainda mais importante quando as coisas estão difíceis. É desviar a atenção da gagueira, das nossas limitações e de tudo que gostaríamos que fosse diferente. Agradecer o que temos a agradecer vai nos ajudar a ser mais felizes, não apenas quando tudo passar, mas agora, neste momento.  

 

 Julio Sampaio (PCC, ICF)

Idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute

Diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching

Autor do Livro: Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital), dentre outros

Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/

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