Toda literatura que trata do tema explica que o termo vem mesmo das artes, ou seja, do processo de seleção, análise e coleta feita por um curador que, com olhar apurado, monta uma exposição.
A curadoria educacional também passa por essas habilidades de seleção, análise, coleta e entrega ao aluno. Curadoria, então, é refletir, estudar, selecionar e organizar materiais para qualquer modelo de aula, isto é, presencial, híbrida ou digital.
Ao professor cabe dar uma linha coerente de informação, de dados e de conhecimentos para os alunos, para que eles possam se tornar, também, pesquisadores ao serem instigados pelo saber.
Perrounoud (2000) assegura que uma das competências para o exercício de ser professor no século XXI é ter o domínio das tecnologias educacionais.
O autor ressalta que o professor deve saber usar as tecnologias para que possa contribuir com o crescimento do indivíduo, uma vez que
Formar para novas tecnologias é formar o julgamento, o senso crítico, o pensamento hipotético e dedutivo, as faculdades de observação e de pesquisa, a imaginação, a capacidade de memorizar e classificar, a leitura e a análise de textos e de imagens, a representação de redes, de procedimentos e de estratégias de comunicação (PERRENOUD, 2000, p. 128).
Entendo que a curadoria é o alicerce de materiais que são ofertados, direcionados pelo professor e que a partir deles os aprendizes vão trilhando seus caminhos, fazendo suas descobertas. Isso se dá quando os objetos educacionais correspondem ao perfil do grupo, ou seja, quando são capazes de despertar o interesse, de motivar e de contribuir para um comportamento que é voltado para o desenvolvimento de sua aprendizagem. A pesquisa se reverte em aprendizagem e, quando isso acontece, o aprendiz começa a desenvolver o seu próprio método de curadoria que é essencial para a aprendizagem que é realizada, hoje, a todo momento no mundo digital.
Filatro (2018, p. 70) ilustra bem o papel do professor curador, como se vê na figura a seguir:
Observemos que, para cada etapa do processo de curadoria, há ações que dependem do conhecimento do especialista a fim de que se cumpram os objetivos de aprendizagem, havendo apreensão de conceitos, atribuição de valor ao que é compartilhado e feedback para acerto confirmação ao acerto de rota do aprendizado.
A curadoria inspira as metodologias ativas, uma vez que instiga a pesquisa, a investigação pelo aluno e favorece o desenvolvimento de competências para a vida.
Garcia e Czeszak (2020) afirmam que há três grandes funções na curadoria, que são: nova organização midiática, valor agregado e alfabetização digital.
Para cada uma das funções asseguradas pelos autores, podemos inferir que há competências atreladas, entre elas estão:
nova organização midiática (criatividade e colaboração);
valor agregado (pensamento crítico e capacidade de julgamento);
alfabetização midiática e digital (resolução de problemas).
Tenho dito que o trabalho de curadoria pode ser colaborativo e sugerido que os professores criem grupos para compartilhar dicas de objetos educacionais, plataformas, repositórios. Assim, é possível dividir conhecimento, olhares, perspectivas e tempo.
Indicação de Leitura
GARCIA, Marilene Santana dos Santos; CZESZAK, Wanderlucy. Curadoria educacional: práticas pedagógicas para tratar (o excesso de) informação e fake news em sala de aula. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2020.
FILATRO, Andrea. Como preparar conteúdo para EAD. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
PERRENOUD, Philippe. Dez competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.